Brainrot: O Impacto do Consumo Excessivo de Memes e Modismos nas Redes Sociais

Silvana Vevelt
By Silvana Vevelt

O consumo excessivo de memes e modismos nas redes sociais pode levar ao fenômeno conhecido como “brainrot”, ou “podridão cerebral”. Esse termo, ainda não oficializado em publicações científicas, descreve um estado de deterioração mental causado pelo uso excessivo de conteúdo fútil online. Especialistas alertam que essa prática pode comprometer a saúde mental, dificultar a comunicação e aumentar a ansiedade.

Exemplos do Dia a Dia
Antônia Batista, uma analista de marketing de 28 anos, exemplifica bem essa situação. Durante um encontro com amigos, ela imitou um personagem do TikTok, mas ninguém achou graça. Antônia admite que passa cerca de dez horas diárias online, divididas entre trabalho e lazer, e frequentemente usa jargões e memes que consome nas redes sociais. Esse comportamento pode ser um sinal de brainrot, que se manifesta como dificuldade de concentração e comunicação, além de potencial isolamento social.

Consequências do Uso Excessivo
A terapeuta ocupacional Renata Maria Silva Santos, da UFMG, explica que o brainrot é uma consequência do uso excessivo de telas. As pessoas começam a se comunicar por meio de memes e jargões, perdendo habilidades de comunicação mais elaboradas. Esse fenômeno é especialmente preocupante entre os jovens, que passam grande parte do tempo online.

O Papel das Redes Sociais
Michael Rich, pediatra do Digital Wellness Lab, observa que muitos jovens descrevem o brainrot como um estado em que a consciência se desloca para o espaço virtual, filtrando tudo através do que foi postado ou pode ser postado. Esse comportamento pode levar a uma desconexão da vida real, aumentando a ansiedade e a dificuldade de comunicação.

Detox Digital
Alguns influenciadores no TikTok, como Heidi Becker e Joel Cave, têm abordado o brainrot em seus vídeos, ora de forma humorística, ora de maneira mais séria. Eles destacam como o excesso de referências a memes pode atrapalhar as conversas e sugerem que as pessoas tentem reduzir o tempo de uso das redes sociais. Andiara Martins, uma servidora pública, decidiu fazer um detox digital para reduzir a ansiedade e melhorar sua produtividade.

A Estrutura das Redes Sociais
Issaaf Karhawi, pesquisadora em Comunicação Digital, ressalta que as redes sociais são projetadas para manter os usuários engajados o máximo de tempo possível. Isso é feito para aumentar a visualização de anúncios e incentivar o consumo. Portanto, não é apenas o comportamento dos usuários que deve ser analisado, mas também a estrutura das plataformas.

Impacto na Geração Z
Adolescentes e jovens adultos da geração Z são os mais afetados pelo brainrot. Especialistas divergem sobre como mitigar esses efeitos, mas algumas recomendações incluem limitar o uso do celular e buscar atividades que fortaleçam a mente, como aprender uma nova língua ou praticar esportes.

Movimentos de Limpeza do Feed
Em maio, o movimento Blockout ganhou força, incentivando as pessoas a deixar de seguir celebridades e influenciadores que não se posicionavam sobre questões importantes, como o conflito Israel-Hamas. Esse movimento também visava melhorar a qualidade do conteúdo consumido nas redes sociais, promovendo um ambiente virtual mais saudável.

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