A revolução digital continua a transformar a maneira como as pessoas consomem informações. Um estudo recente divulgado pelo The Guardian revela que, pela primeira vez, a internet superou a televisão como a principal fonte de notícias no Reino Unido. De acordo com o regulador de comunicações britânico, Ofcom, 71% dos adultos agora buscam notícias online, ligeiramente à frente dos 70% que ainda recorrem à TV.
Essa mudança marca um ponto de inflexão geracional no consumo de mídia. A Ofcom descreveu o fenômeno como uma “mudança geracional no equilíbrio da mídia de notícias”, destacando o papel crescente das plataformas digitais. A mídia social, em particular, tem sido um motor significativo dessa transformação, com 52% dos adultos utilizando essas plataformas para se informar, um aumento em relação aos 47% do ano anterior.
Apesar do crescimento das plataformas digitais, as fontes tradicionais de notícias ainda são vistas como mais confiáveis. A BBC One, por exemplo, continua sendo a maior fonte de notícias, utilizada por 43% dos adultos, embora tenha sofrido uma queda em relação aos 58% de 2019. O serviço de streaming iPlayer também contribui significativamente para o consumo de notícias via TV, enquanto o Channel 4 caiu das 10 principais fontes.
A Ofcom está revisando o conteúdo de mídia de serviço público, com foco em notícias, para avaliar como as emissoras como a BBC e a ITV estão atendendo ao público. Essa análise pode resultar em mudanças regulatórias ou legislativas para apoiar as notícias de serviço público, especialmente em um cenário onde a confiança nas notícias online é frequentemente questionada.
Entre os jovens de 16 a 24 anos, a mídia social domina como fonte de notícias. O Instagram é a plataforma mais popular, usada por 40% dessa faixa etária, seguido pelo TikTok. Essa divisão geracional é evidente, com a maioria dos jovens preferindo fontes online, enquanto os mais velhos ainda confiam na TV. No entanto, mesmo entre os jovens, as fontes tradicionais são vistas como mais confiáveis.
Durante as eleições gerais, a Ofcom descobriu que 60% dos eleitores encontraram conteúdo falso ou enganoso, incluindo deepfakes. Fiona Bruce, apresentadora da BBC, expressou preocupação com o papel crescente das mídias sociais na disseminação de notícias, destacando a dificuldade de corrigir informações falsas uma vez que se espalham.
Bruce também abordou a desinformação nas redes sociais, citando um exemplo comum de que Nigel Farage teria aparecido mais no programa Question Time do que qualquer outro político, o que ela desmentiu. Essa situação ilustra os desafios enfrentados por jornalistas e o público em um ambiente de notícias cada vez mais digitalizado.
A transição para o consumo de notícias online representa tanto uma oportunidade quanto um desafio para a indústria de mídia. Enquanto a internet oferece acesso rápido e diversificado à informação, a questão da confiabilidade permanece central, exigindo um equilíbrio cuidadoso entre inovação digital e integridade jornalística.